18.12.06

Viva os porcos capitalistas!

Direto do contemporanea:

O Natal dos acessórios
Se você tem um I-pod, dificilmente quererá um novo neste Natal. Mesmo que novos modelos tenham chegado ao mercado depois da sua aquisição, esse ainda dá conta do recado, tem suas músicas favoritas, deu trabalho para carregar e está em ótimo estado. Mas se você tem um I-pod, certamente você quer comprar caixas de som para acoplá-lo, capinhas coloridas ou aquele aparelho que te permite transferir a recepção do áudio para o sistema de som do seu carro.
Se você tem um bom telefone celular, talvez não precise de um novo nesse Natal. Mas se, como eu, você tem um aparelho que também toca MP3, falta o fone de áudio. Ou o fone bluetooth para falar enquanto dirige. Ou o bluetooth no seu computador para troca de arquivos com o aparelho.
A velocidade com que os objetos se renovam é algo tão vertiginoso – acabo de comprar um celular com câmera de 2 megapixels e o fabricante acaba de lançar um modelo igual, só que co 3 megapixels de definição – que o consumo já não se pauta mais pela obsolescência. Até porque, a oferta é grande, os preços estão em queda constante e é impossível tentar acompanhar as transformações.
Mas se não é pela renovação dos objetos, como manter acesa a chama do consumidor, garantir o faturamento, instigar o desejo de uma nova compra? Pela maravilhosa oferta dos acessórios. A regra, embora mais óbvia no universo da tecnologia, vale para o mercado em geral. Nada que você compre prescinde de dois ou três penduricalhos que são apresentados como “indispensáveis” ao bom funcionamento do objeto principal.
Assim, aquilo que você acaba de comprar se transforma não no fim da procura, mas no início de uma nova busca: tudo que gira em torno da sua nova aquisição sobe imediatamente ao pódio dos seus sonhos de consumo.
É a combinação perfeita entre o círculo do desejo – esse que, uma vez satisfeito, nos move sempre em direção ao novo desejo – e o ciclo do consumo, que depende e se alimenta de um motor que mantenha os compradores em permanente estado de tensão.
Na medida em que tudo na indústria se populariza – seja pela queda de preços inexorável dos gadgets tecnológicos, seja pela invasão das cópias baratas –, para que a distinção pelo consumo continue funcionando é preciso inventar novas maneira de manter a máxima da sociedade contemporânea, você é o que você tem, diz o mercado. E o que você tem é tanto melhor quanto mais griffe e acessórios houver em torno do seu objeto.


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