24.1.07

ó vida

CPF OU NOME

Ainda vai chegar o dia em que seremos chamados e conhecidos pelo nosso numero de CPF, quem viver verá.

Os nomes como conhecemos hoje vão entrar em extinção, sumir dos cartórios e das certidões, dando lugar aos extensos números que nos identificam nos computadores da Receita Federal.

Uma senhora nos perguntará: Qual é sua graça? Ao que responderemos prontamente:
- 251456876/06, e senhora como se chama?
- 321345765/09, muito prazer.

Veremos crianças correndo nas ruas, enquanto mães desesperadas estarão à gritar : 768564324 já prá calçada.

O padre no altar perguntará à noiva: Você, 767843234/71 aceita como seu legitimo esposo o 965341786/02?. Então na hora das chamadas nas escolas vai ser o diabo, uma confusão de números que deixará qualquer professor doido já no inicio de carreira. Estaremos sumariamente demitidos dos nossos cargos de cidadãos e relegados à condição de reles números prontos para serem deletados à conveniência e interesse do Estado.

Estou sendo muito pessimista? Nem tanto.

Um dias destes fui fazer a renovação do meu CPF numa casa lotérica e a funcionária me avisou que o programa não aceitou o meu cadastro e que eu teria que ir até a Receita Federal. Em lá chegando fui avisado pelo funcionário após consulta à poderosa maquina que eu teria que fazer uma declaração completa com direito à multa, porque eu era um proprietário de empresa.

Admiti que realmente eu tivera uma micro-empresa cinco anos antes, mas que a referida já estava morta e enterrada e de lá prá cá eu vinha, como todo bom empresário quebrado, trabalhando pôr conta própria e tentando sobreviver com minha família na pista informal da economia.O funcionário da Receita ainda me lembrou que eu não dera baixa na firma e que portanto ela continuava viva até prova em contrario.

É incrível como o diálogo entre cidadão contribuinte e os órgãos públicos a nosso serviço podem se tornar surrealistas, a nossa palavra de nada vale diante da força dos dados e números que estão ali a nos denunciar como um alcagüete qualquer. Tive que explicar que dar baixa numa firma pôr conta da tecnoburocracia era mais oneroso do que montar uma firma e que se a dita quebrou pôr inviabilidade financeira o cacau que pôr acaso tenha sobrado tem primeiro que garantir o feijão. Este argumento não é valido para o computador frio e insensível. Nós pequenos empresários quebrados podemos nos ralar nas ostras mas o "dele" não pode faltar.

Me ocorreu naquele momento que se eu chegasse num cartório para registrar a morte de um vizinho pobre, enterrado no mês anterior como indigente, poderia muito bem ouvir da atendente: Seu vizinho não morreu, ele não pagou ainda o atestado de óbito. Eu tentaria explicar para a mocinha com toda a paciência que o referido cidadão morreu de fome e que portanto não poderia arcar com as custas do óbito.

Ao que ela me retrucaria:

-Conversa fiada, primeiro as obrigações de cidadão depois o feijão. Dizem que uma firma é como um ser vivo, nasce, vive, cresce e morre. Se for assim é preciso se estabelecer, como acontece com um humano qualquer, quando ocorreu a morte cerebral de uma empresa. Seria quando ela lacrou as portas e deixou de operar ou se usando uma expressão coloquial "quebrou", ou seria quando ela pagou toda a grana que o Estado acha que ela deve e seu proprietário se sentou na beira da estrada com a família, esperando a morte chegar.

Alguém sabido poderá dizer que o Estado não obrigado a saber sobre toda empresa que quebra, ao que eu responderia com um sonoro "como não?".

Se Receita Federal é capaz de garantir com toda a certeza que eu tenho uma empresa mesmo depois de cinco anos de sua morte, se é firma e que portanto ela continuava viva até prova em contrario. É incrível como o dialogo entre cidadão contribuinte e os órgãos públicos a nosso serviço podem se tornar surrealistas, a nossa palavra de nada vale diante da força dos dados e números que estão ali a nos denunciar como um alcagüete qualquer. Tive que explicar que dar baixa numa firma pôr conta da tecnoburocracia era mais oneroso do que montar uma firma e que se a dita quebrou pôr inviabilidade financeira o cacau que pôr acaso tenha sobrado tem primeiro que garantir o feijão.

Este argumento não é valido para o computador frio e insensível. Nós pequenos empresários quebrados podemos nos ralar nas ostras mas o "dele" não pode faltar.Me ocorreu naquele momento que se eu chegasse num cartório para registrar a morte de um vizinho pobre, enterrado no mês anterior como indigente, poderia muito bem ouvir da atendente: Seu vizinho não morreu, ele não pagou ainda o atestado de óbito. Eu tentaria explicar para a mocinha com toda a paciência que o referido cidadão morreu de fome e que portanto não poderia arcar com as custas do óbito. Ao que ela me retrucaria:

-Conversa fiada, primeiro as obrigações de cidadão depois o feijão. Dizem que uma firma é como um ser vivo, nasce, vive, cresce e morre. Se for assim é preciso se estabelecer, como acontece com um humano qualquer, quando ocorreu a morte cerebral de uma empresa. Seria quando ela lacrou as portas e deixou de operar ou se usando uma expressão coloquial "quebrou", ou seria quando ela pagou toda a grana que o Estado acha que ela deve e seu proprietário se sentou na beira da estrada com a família, esperando a morte chegar.

Alguém sabido poderá dizer que o Estado não obrigado a saber sobre toda empresa que quebra, ao que eu responderia com um sonoro "como não?". Se Receita Federal é capaz de garantir com toda a certeza que eu tenho uma empresa mesmo depois de cinco anos de sua morte, se é
capaz de deduzir que tenho renda própria acima do limite de isenção e se minha palavra de cidadão, eleitor e contribuinte não vale bulhufas como prova , então que o Estado se vire sem mim. Durante os dezessete anos em que a minha empresa funcionou , resistindo bravamente muito alem da media das micro-empresas brasileiras, esteve como morta para este Estado tão atento e zeloso, agora que ela morreu continua viva e ativa nos computadores do Leão, até que sob pagamento das pesadas multas ela possa finalmente descansar em paz.

Só peço à Receita Federal que respeite à memória dos mortos e à dor dos vivos e que se lembre que atrás de cada um daqueles números representando cidadãos virtuais nas memórias dos seus computadores existem o seus correspondentes em seres humanos tentando sobreviver contra o ataque voraz do Leão. Quanto a minha firma, como prova de sua morte e para comprovação do Estado mandei instalar uma lapide com o seguinte epitáfio : "Aqui jaz uma Empresa que sobreviveu bravamente pôr longos anos e que depois de morta continua viva na memória da Leão."

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